CAMPO BOM
Política Campo Bom – Deu Feltes
Deu Feltes
Com 48,80% dos votos válidos contra 45,93% do seu adversário, o ex-prefeito Giovani Feltes (MDB) foi eleito prefeito de Campo Bom para os próximos quatro anos. Ele derrotou o também ex-prefeito Faisal Karam (REP) em uma disputa que entra para a história como uma das mais acirradas da política campo-bonense, algo que já era de se esperar desde o início, quando dois ex-prefeitos e ex-aliados se colocaram na disputa após anos de uma disputa pública.
O significado
A eleição de Feltes representa a continuidade da aliança entre PDT e MDB na cidade, a mesma que já vem governando nos últimos anos com Luciano Orsi (PDT) no comando da Prefeitura. Agora, entra em campo a chamada dupla GG, de Giovani Feltes e Gênifer Engers (PDT). Os dois partidos contam ainda com o apoio do PP, do PSDB, do DEM, do Cidadania e do PRD.
A volta
Além disso, a vitória de Feltes representa o retorno do MDB ao cargo máximo do município. A última vez foi justamente com Faisal Karam, que entregou a Administração Municipal no final de 2016 para Orsi. Agora, oito anos depois, o MDB volta à cadeira com Feltes. Aliás, cabe salientar que foi o único intervalo de tempo, desde 2000, que o MDB ficou fora do poder. Nos últimos 24 anos, o partido administrou por 16 deles. E volta agora novamente.
1.112 votos
Foi essa a diferença de votos que elegeu Feltes diante de Faisal. Apenas 1.112 votos, o que reforça como estamos falando de uma das disputas mais quentes dos últimos tempos na cidade. Feltes fez 18.853 votos, enquanto Faisal fez 17.741. Isso explica também o clima que se estabeleceu em Campo Bom nas últimas semanas antes do pleito, com muita tensão no ar, trocas de acusações e disputa voto a voto.
A mais votada
Não se pode negar que ela é um fenômeno de votos. Eleita a vereadora mais votada em 2020, Kayanne Braga (PDT) repetiu o feito, inclusive concorrendo com outro número e outro partido. Se em 2020 ela fez 1.456 votos, desta vez ela fez ainda mais para ficar na 1ª posição. Foram 2.658 votos. Ou seja: mais de mil votos a mais do que na última eleição. Para se ter uma ideia, o 2º mais votado fez 1.393 votos.
O acerto de Orsi
A votação expressiva de Kayanne mostra que o prefeito Luciano Orsi foi muito inteligente em trazê-la para o PDT, seu partido, apoiando também as pautas da vereadora através da Prefeitura. Além de ter a vereadora mais votada como aliada, Orsi conseguiu, assim, manter a bancada do PDT com o mesmo número de vereadores, mesmo com a saída de Gênifer Engers, que concorreu como vice. Sem dúvidas, os votos de Kayanne foram essenciais pra isso.
Problema para 2026
Kayanne com sua expressiva votação, se cacifa para ser forte candidata para deputada estadual em 2026, sendo que de bastidor se sabe que esse é o desejo também do atual prefeito Luciano Orsi, um problema para ser resolvido internamente, apesar de que Kayanne com seu trabalho nas enchentes e votação atual pode se eleger em qualquer partido.
Os novos
O Legislativo campo-bonense contará com quatro novos vereadores a partir do próximo ano, se nenhum for chamado para ocupar alguma secretaria, é claro. Alguns nomes inclusive surpreenderam com votação expressiva. Foi o caso do Marasca (REP) que foi o 2º mais votado e se elege pela primeira vez para ser vereador com 1.393 votos, inclusive ficando na frente do seu colega de partido vereador Celsinho (REP). Além do Marasca, a Câmara contará com Cléber Nunes (MDB), que foi o 4º mais votado, Paulo Silveira, também do MDB e velho conhecido dos bastidores políticos da cidade, e Jorge Bellé (PL) que se tornou o primeiro vereador do PL na história do município.
Se manteve
Como falamos anteriormente, o PDT conseguiu manter sua bancada de três vereadores, formada agora por Kayanne Braga, Professor Jéferson e Michele Closs, que antes era suplente e agora conquistou sua vaga como titular nesta eleição. Ou seja, o PDT segue com a mesma força de antes e conta com duas mulheres. Isso tudo sem estar na cabeça de chapa da majoritária, o que poderia ajudar a fazer ainda mais votos.
Retomada
O MDB conseguiu recuperar seu espaço e protagonismo no Legislativo ao eleger três vereadores. Em 2020, o partido elegeu apenas dois e um deles (Jerri Moraes), deixou o partido e foi para o PP deixando o MDB apenas com uma cadeira. Agora, o MDB conseguiu eleger três nomes retomando sua força na cidade, principalmente em um momento que assume o poder e precisará de uma base forte no Legislativo.
Cresceu
Quem também cresceu foi o Republicanos, que passou de dois para três vereadores, com Celsinho Rodrigues, Jair Wingert e Marasca. Além disso, eles ganharam a força de outro partido de extrema-direita que deve atuar na oposição: é Jorge Bellé, que se elegeu pelo PL e exercerá seu primeiro mandato. Isso mostra que a candidatura de Faisal ajudou a fortalecer um bloco de direita que faz oposição a um governo mais de centro, como é o MDB.
Nós avisamos
Essa coluna falou, ao ver as movimentações do PDT e a candidatura de Feltes pelo MDB, que alguns partidos poderiam ficar sem cadeira ou diminuir as suas caso não se reforçassem na nominata para o Legislativo. Foi o que aconteceu com PP, onde o atual vereador Jerri Moraes (PP) foi um dos mais votados, ficando em 6º lugar na votação geral, mas ficou de fora por conta do quociente eleitoral. O PP só conseguiu eleger um vereador, que foi Alexandre Hoffmeister. O mesmo aconteceu com o PSDB, onde a atual vereadora Sandra Orth (PSDB) fez 1.078 votos mas também ficou de fora, mesmo sendo mais votada que alguns que conseguiram a vaga. A culpa também foi do quociente eleitoral por conta da nominata fraca dos partidos. O mesmo podemos dizer do PCdoB que também ficou sem cadeira.
O desenho
Olhando a composição atual do Legislativo, a base governista de Feltes contará com 7 vereadores(as), enquanto a oposição vai ter 4 nomes. Mas isso só vai acontecer se Republicanos ou PL não mudarem de lado no meio da administração, o que não é provável, mas também não é impossível.
Direita cresce, esquerda some
Se a extrema-direita cresceu no Legislativo, contando agora com quatro vereadores entre Republicanos e PL, a esquerda ficou em situação ainda pior do que entrou, já que agora nem vereador tem. A candidatura de Victor como prefeito foi crucial para isso, já que o bloco perdeu quem mais fazia votos. O ex-secretário do Meio Ambiente, João Flávio Rosa, foi o mais votado da esquerda com pouco mais de 600 votos.
Foram mal
Alguns nomes conhecidos da política da cidade, que inclusive já se elegeram ou ficaram perto disso, foram muito mal na eleição deste ano. Podemos citar aqui alguns nomes que surpreenderam negativamente: Joceli Fragoso, que já foi vereador e concorreu pelo MDB de última hora, fez apenas 125 votos. Além dele, atual vice-prefeito Paulo Gomes (MDB) fez apenas 359 votos. Os ex-secretários, Flavinho Rapadura (PP) e Eduardo Asmann (PDT) também deixaram a desejar na urna.
Mesa Diretora
Nem bem os votos foram contabilizados, já tem vereador se articulando para a eleição da Mesa Diretora que irá comandar o Legislativo a partir do ano que vem. A base governista de Feltes já teria procurado vereadores do Republicanos para um acordo em que alguém da base assumiria o cargo de presidente em troca de algum espaço para a oposição também.
Puxando tapete?
Na política, o natural é que o vereador mais votado na eleição assuma a presidência no primeiro ano de Legislatura. Neste caso, a preferência seria da vereadora Kayanne Braga (PDT), que, aliás, foi a mais votada novamente, assim como foi em 2020, mas até agora não assumiu o comando da Casa. Será que ela não quer ou estão puxando o tapete já?