CAMPO BOM

Adão Preto é o patrono da primeira Tropeada de Campo Bom

Um dos tropeiros mais antigo da região, Adão Preto é o patrono da primeira Tropeada de Campo Bom, escolhido por seus relevantes serviços prestados em prol do tradicionalismo e da cultura gaúcha. Promovido pela Administração Municipal, por meio das secretarias de Educação e Cultura e de Desenvolvimento Econômico e Turismo, e integrando a Semana Farroupilha 2019, as festividades ocorrem de 13 a 22 de setembro, no Parque Municipal do Trabalhador, com apoio dos CTG’s parceiros: Campo Verde, M’Bororé, Guapos do Itapuí e Palanques da Tradição, tendo entrada, estacionamento e atrações gratuitas e abertas ao público. A programação está repleta de shows, incluindo grandes nomes do Estado como Elton Saldanha, Jorge Guedes e Família, Shana Müller e André Teixeira, além de apresentações de dança dos campeões dos rodeios escolares, atividades culturais sobre o tradicionalismo gaúcho, provas de tiro e laço, Clarim do Acampamento – Festival Regional de Intérpretes Nativistas, e muito mais.

Segundo o prefeito Luciano Orsi,  é fundamental prestar um tributo a Adão Preto, um cidadão que soube muito bem manter e trazer vivos até os dias de hoje os costumes do povo gaúcho, representando a coragem do homem simples do campo que, além de desbravar caminhos pelo interior do Estado, deixou de legado aspectos do tropeirismo que ajudaram a construir a cultura que identifica o povo rio-grandense, quer seja nas lidas do campo, no vestuário, na música, na arte de cevar um chimarrão, na dança ou na culinária campeira. “Adão Preto tem uma história de vida única, que de sua forma simples, sincera e apaixonada soube difundir e cultuar as nossas tradições. Até mesmo o nome de nosso município devemos aos tropeiros, que consideraram nossa cidade um campo bom para descansarem em suas caravanas entre a Serra e a Capital. Agora, como parte das celebrações dos 60 anos de Campo Bom, queremos que esse grande legado, de um tropeiro que representa a eterna luta por nossa cultura e tradição, seja ressaltado”, define Orsi.

Uma vida dedicada à tradição gaúcha

Em 26 março de 1927, nascia, no interior  de São Francisco de Paula, Adão Manoel dos Reis, hoje com 92 anos (de registro).  Adão Preto, como é conhecido, ficou órfão de mãe logo ao nascer, seu pai então o entregou a família Lopes na qual trabalhava. A sua mãe de criação, fazendeira da região com um casal de filhos biológicos também ficou viúva logo em seguida, sendo que Adão, o único negro na família, cresceu desde cedo camperiando a cavalo pela fazenda. Tanto que, aos 15 anos, ele já fazia todas as lidas da fazenda e logo em seguida assumiu a função de capataz, pois sua mãe depositava plena confiança para administrar a fazenda, em meados de 45.

Foi por esta época que se iniciou sua jornada de peão e tropeiro, pois junto de sua mãe e seu irmão de criação saiam da fazenda em São Francisco para vender queijo em vacaria e comprar mantimentos para eles e vizinhos, no lombo de mulas.

Mais tarde, suas tropeiradas eram só ele e seu irmão de criação que o acompanhava, quando levavam tropas de gado para vender em matadouros da região metropolitana, mais precisamente o de Viamão, tropiou varas de porcos de Jaquirana até Rolante (tropas de 150 a 200 porcos ), também faziam viagens para comprar e buscar mantimentos diversos da região litorânea de RS e SC para as fazendas de cima da serra,  sendo que os cargueiros eram mulas em média de 20 a 25 animais conduzido pela égua madrinha, trazendo cada uma delas 90kg de carga.

Nesta passagem de sua vida os negócios eram feitos na palavra e no fio do bigode, seu Adão tanto comprava mantimentos para as fazendas como vendia tropas de gado aos matadouros, mas o fator mais peculiar que os lotes de gado vendido aos matadouros eram pesados na balança de São Francisco e conferido pelo seu Adão o qual até hoje não sabe ler e nem escrever, e levava estas marcações em sua memória até o final da viagem.

Hoje, Adão é único vivo de sua família biológica e adotiva, seu carisma é inexplicável tanto em Campo Bom quanto nas cidades de cima da Serra por onde passou. Sua memória também é invejável, pois relata os fatos nos detalhes.

Adão Preto foi acolhido pelo CTG M’Bororé, onde se tornou idealizador e organizador da cavalgada da Primavera, atuando até hoje na entidade.

Foto: Fernanda Hescher

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