CAMPO BOM
Avaliação na pandemia e futuro da educação debatida em Campo Bom
Avaliação na pandemia e o futuro da educação foi o tema do 31º Seminário de Educação de Campo Bom, evento on-line realizado na noite desta segunda-feira (19/07). A palestrante, Claudia Costin, fundadora e diretora do FGV/RJ CEIPE – Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, levou os educadores a uma profunda reflexão sobre o tema.
Na abertura dos trabalhos, o prefeito Luciano Orsi saudou os profissionais da educação pelo trabalho intenso e produtivo nesse período de muitos desafios e aprendizados. “Temos enfrentado muitas lutas, dificuldades e perdas, e com isso nos transformado, nos descobrindo e encontrando formas de nos sintonizarmos com nossos alunos e nossas comunidades”, disse o prefeito.
“A cada Seminário de Educação, volta a questão de reinventar, de começar de novo, sem nunca ter parado. Neste ano, com tantas mudanças, também tivemos que trabalhar muito forte junto com nossos profissionais, com formação permanente e muita dedicação. E é motivo de muita satisfação, ver que o trabalho foi muito produtivo e conseguiu atender, da melhor forma possível, a todos os nossos alunos e as famílias”, concluiu o prefeito.
A secretária de Educação, Simone Schneider, salientou a atuação dos professores, equipes diretivas e auxiliares de ensino. “Este é um momento de muita reflexão e de aprendizado”, falou a secretária. Ela ainda ressaltou que em 2020, em função da pandemia, não aconteceu o seminário, mas a reflexão e preparo dos profissionais não cessaram. Simone também destacou as muitas formações específicas que a situação exigia, voltadas para o uso da tecnologia.
Avaliação da educação durante a pandemia
Neste ano, com retorno gradual, a Secretaria de Educação e Cultura de Campo Bom vem desenvolvendo um novo formato de trabalho, o que exige outras formações e constantes avaliações dos alunos, verificando o que realmente é essencial ser aprendido.
A palestrante provocou os profissionais da educação a refletirem sobre a avaliação em tempos tão desafiadores. “Vamos falar de avaliação na pandemia, mas vamos conectar isso com o futuro da educação. Precisamos olhar com muita serenidade e seriedade para os dados educacionais brasileiros”, disse.
Costin lembrou compromissos assumidos pelo Brasil, em 2015, junto com outros 183 países, sobre desenvolvimento sustentável, que inclui o dever de, até 2030, assegurar educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todos. As dificuldades apontadas pela palestrante são pré-pandemia.
A situação da educação, de um modo geral, já era delicada antes da chegada do Coronavírus. “O nosso problema de aprendizagem começa cedo. Se eu olhar para os dados da avaliação nacional de alfabetização, a última que foi censitária, praticamente 55% dos alunos do 3º ano do ensino fundamental não se alfabetizaram, ou seja, enquanto a escola particular alfabetiza na pré-escola, a maior parte dos alunos saem analfabetos do 3º ano do ensino fundamental”, adverte.
A palestrante ressaltou que o Brasil está caminhando para uma escola em tempo integral, pois não dá para ter uma educação que ensine a pensar de verdade com quatro horas de aula e professores que dão aulas em vários municípios ao mesmo tempo. Costin defende uma educação com professores com dedicação exclusiva em uma única escola, olhando para a realidade do aluno e pensando conforme essa realidade.
“O professor tem que ser, cada vez mais, um pesquisador, mas não sobre questões etéreas, é sobre sua própria práxis, sobre seus alunos. Pesquisar o estilo de aprendizagem de cada aluno e como funciona melhor com cada um deles. Assim, o professor deixa de ser um mero fornecedor de aulas expositivas para ser um assegurador de aprendizagem”, adverte Costin.
A palestrante destacou, ainda, que a pandemia obrigou os educadores a fazer coisas desafiadoras e interessantíssimas, organizando uma resposta educacional à Covid, com uma forma de aprender em casa, combinando muitas mídias.
Claudia Costin encerrou sua palestra afirmando que a pandemia vai passar e a educação poderá ter avanços significativos, mas isso depende da coragem e determinação de todos os educadores. “O Brasil merece uma educação cada dia melhor para todas as crianças, especialmente àquelas que estão em situação de vulnerabilidade”, concluiu.