NOVO HAMBURGO

Colégio Estadual é denunciado por discriminação racial

Nesta semana, o secretário Executivo da Negritude Socialista Brasileira Estadual (NSB), Paulo Rogério Soares Leite, trouxe a público uma denúncia de que haveriam ocorrido atos racistas contra duas funcionárias do Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini, por parte de membros da equipe diretiva.

De acordo com Leite, que também é membro do Movimento Negro Unificado (MNU) a informação sobre a denúncia chegou até ele através da comunidade escolar. Segundo ele, as funcionárias, que trabalham na secretaria do colégio, levaram o caso até a 2ª Coordenadoria Regional de Educação (2ª CRE) e à ouvidoria Estadual, após ocorrerem comentários discriminatórios e ameaças verbais às duas, além de restrições impostas a elas no ambiente de trabalho. “Elas já fizeram denúncias, tanto na delegacia, com Boletins de Ocorrência, levaram para as instituições necessárias, da escola e fora dela, e na Secretaria de Educação”, explica.

No entanto, Leite afirma que ao invés das Instituições do Estado as acolherem, ocorreu o contrário. “Elas se sentiram mais agredidas ainda, mais ameaçadas. E aí não se sentiram contempladas na situação. Não foi tomada nenhuma providência. Pelo contrário, agora elas estão sofrendo uma pressão para saírem da escola”, revela.

Leite também relata que foi feita uma tentativa de abafamento do caso, durante uma reunião da 2ª CRE, ocorrida em fevereiro, com as funcionárias e os membros denunciados da equipe diretiva do colégio. De acordo com ele, foi falado às funcionárias que se elas expusessem o caso à mídia, enfraqueceria um projeto antirracista nas escolas, em preparação pelo Governo do Estado.

“Isso na verdade é um baita engodo deles. O Estado tem responsabilidade sobre essas coisas. Inclusive, se o Estado tem uma política de combate ao racismo, essa situação vai servir como base para qualquer problema de combate antirracismo. Na forma como eles falam, que vai estragar o projeto, quer dizer que eles vão fazer um projeto de um engodo pra sociedade. Para dizer que fazem alguma coisa, mas na verdade não fazem nada. A gente precisa de uma política de enfrentamento ao racismo, não de acobertamento, como querem fazer nessa situação”, expõe Leite.

Já a denúncia feita pelas funcionárias à ouvidoria Estadual está sendo averiguada pela Secretaria de Educação (Seduc). Com um prazo inicial de 20 dias para uma resposta, a denúncia já foi prorrogada duas vezes por mais 10 dias, de acordo com Leite. “A gente está no limite da situação, onde todas as partes a serem recorridas a gente fez. Agora é tornar público, é entrar em uma ação contra o Estado, porque o Estado é responsável por toda essa situação. Aí o Estado responsabiliza quem ele achar que tem que responsabilizar”, comenta ele.

Retorno do Pasqualini

Foi feito contato com a equipe diretiva do Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini, que encaminhou a seguinte Nota Oficial:

“A Direção do Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini nega atos racistas e repudia veementemente qualquer prática discriminatória. O CESAP é uma escola pública que sempre prezou pelo respeito entre todas as pessoas da comunidade. As denúncias foram encaminhadas aos órgãos competentes para investigação.”


Atualização

A 2ª CRE respondeu, nesta segunda-feira (14/03), sobre as questões enviadas pelo jornal. Segue abaixo a resposta:

A denúncia sobre racismo, no Colégio Estadual Senador Alberto Pasqualini, foi acolhida pela 2ª CRE e foram realizadas oitivas, tanto com as denunciantes quanto com as denunciadas. As denunciantes, quando procuraram a CRE, já estavam de posse de boletins de ocorrência, o que dá a ciência de que o caso será investigado pelas autoridades competentes. A atuação da 2ª CRE é pedagógica e, nesse sentido, a reunião que foi realizada com todas as partes foi no intuito de alinhar condutas no ambiente de trabalho, de modo a não prejudicar o funcionamento da instituição e, consequentemente, a comunidade escolar e também com o objetivo de melhorar as relações interpessoais. A 2ª CRE segue à disposição para esclarecimentos e aproveita para reforçar o seu repúdio a qualquer ação de discriminação e, mais do que isso, busca, através de políticas afirmativas na educação, acolher e celebrar a diversidade.

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