NOVO HAMBURGO

“É hora de união e reconstrução”, afirma Márcio Lüders ao defender adiamento das eleições

Vice-prefeito conversou com o TH sobre as eleições municipais e os desafios de reconstrução após enchente histórica

Nesta quinta-feira (06/06), encerrou-se o prazo para quem deseja concorrer ao cargo de prefeito ou vice-prefeito nas eleições municipais de 2024 se desincompatibilizar. O vice-prefeito de Novo Hamburgo e diretor-geral da Comusa, Márcio Lüders (UB), que é pré-candidato à prefeitura  hamburguense pelo União Brasil e um nome que vem ganhando força na política da cidade, chamou a atenção ao não se desincompatibilizar dos cargos.

O Jornal Toda Hora entrou em contato com o vice-prefeito, que Márcio explicou que defende, assim como o UB, o adiamento das eleições municipais deste ano. Ele também comentou sobre as ações que vem sendo realizadas pela Comusa durante a enchente, além de destacar as perdas, prejuízos e readequações que a autarquia terá que realizar após a catástrofe climática sem precedentes que atingiu Novo Hamburgo e o estado.

 

Confira a entrevista:

Toda Hora – No último dia 6 de junho esgotou o prazo de desincompatibilização para concorrer, o senhor não se desincompatibilizou, houve desistência de sua pré-candidatura?

Márcio Lüders  – A situação não é tão simples. O movimento político ganhou novos contornos com todos os eventos climáticos que ocorreram no último mês e acredito que o melhor para o Estado do Rio Grande do Sul seria o adiamento das eleições. Esse é também o posicionamento do Presidente Estadual do meu Partido, União Brasil, já manifestado nos órgãos de imprensa.

 

TH – Qual o motivo para o adiamento?

Márcio Lüders – Não temos clima para o processo eleitoral neste momento. Agora é hora de união e de reconstrução, porque isso acaba abrindo margem para oportunismo político, pré-candidatos muitas vezes se aproveitando de uma situação grave visando apenas o interesse pessoal de buscar sua eleição.

 

TH – Quais as consequências, na sua opinião, da manutenção do pleito em outubro?

Márcio Lüders – São muito prejudiciais para a democracia e alguém tem que dizer isso. Não está tudo normal, tem cidades que não existem mais. E, retirar a possibilidade de igualdade de condições do pleito eleitoral, desequilibra o processo e faz com que as escolhas sejam feitas de forma precipitada, afinal, e com razão, ninguém está feliz com a situação e nesta hora todos querem achar culpados em uma catástrofe sem precedentes que ultrapassou, em muito, qualquer previsão e as médias históricas de inundação em 100 anos.

 

TH – Mas como fica a situação de sua candidatura e também do União Brasil na cidade?

Márcio Lüders – Neste momento, a minha preocupação, e a do União Brasil, é recuperar a cidade e o estado. Estamos fazendo o que temos que fazer, não é momento de desunião e tampouco para embates políticos, temos que unir forças para a reconstrução. Sobre candidatura, se houver mudança de calendário eleitoral iremos reavaliar no conjunto partidário, entendo que o projeto pessoal neste momento não deve prevalecer em detrimento do coletivo.

 

TH – Quais os desafios como diretor-geral da Comusa, na retomada?

Márcio Lüders – Os desafios serão grandes. Tivemos uma grande perda na ETE Vila Palmeira, que foi um investimento de aproximadamente R$ 6 milhões; em torno de R$ 1 milhão da EBE da Vila Kiplling. Ainda não temos a avaliação completa dos danos e teremos que recuperar de maneira célere. Tivemos uma elevação do nível do rio superior em 1,5  metros da marca histórica em 100 anos, o que fez com que a terraplenagem da ETE Luiz Rau ficasse submersa. Teremos que fazer reavaliação de todo projeto, bem como da nossa Nova Captação situada no Bairro Lomba Grande, onde é fundamental o investimento para adequar à nova marca histórica de inundação. Estamos falando num curto prazo de investimentos de mais de R$ 50 milhões e muito trabalho.

 

TH – E o futuro?

Márcio Lüders – Trabalhar muito, como sempre fiz. Aprendi nesses 30 anos de militância a ser honrado acima de tudo, cumpridor de minhas obrigações e compromissos, razão pela qual continuo lutado ao lado da comunidade pelo seu pronto restabelecimento, seja no saneamento, junto à Comusa, seja como vice-prefeito, função para qual tive a honra de ter sido eleito em 2020. Continuo minha militância política, confiando na adequada alteração do calendário eleitoral que, não sendo possível, fará com que tenhamos foco total nas campanhas de nossa nominata de vereadores, buscando os caminhos partidários que contemplem as expectativas da comunidade hamburguense.

 

TH – Um recado final?

Márcio Lüders – Só quem vivenciou de perto tudo isso que está acontecendo em nosso estado sabe que é lamentável que quem decida sobre nosso futuro está longe e não tem ideia do que aconteceu aqui e do que ainda está por vir. Não se trata de um simples temporal, foi uma catástrofe maior que o furacão Katrina nos EUA. Lá, levaram 10 anos para reconstruir, ao custo de bilhões de dólares. Fazer eleição agora é um erro, mas essa é a minha opinião. Não quero e não vou me aproveitar do sofrimento alheio em busca de promoção pessoal para vencer uma eleição.

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