NOVO HAMBURGO

Espaço Nutrir é reinaugurado com oficinas de panificação

Com a condição de permanecer ao lado da filha, que tem autismo, e ao mesmo tempo aprender um novo ofício, Jaqueline Pinto, 43 anos, decidiu participar da oficina de panificação, que integra o Projeto PÃO – Protagonismo, Ação e Oportunidade. E na manhã desta quinta-feira (02/09), essa pequena parte da vida das duas teve um desfecho muito especial. Mãe e filha receberam o certificado de conclusão da oficina, aptas a prepararem pães e complementarem tanto o consumo próprio quanto a renda da família. Jaqueline e a filha Manoela, 14, fazem parte do grupo de 1.020 pessoas a serem beneficiadas pelo projeto PÃO, lançado nesta quinta-feira durante a reinauguração do Espaço Nutrir e entrega dos certificados.

“Vamos continuar com projetos sociais em nossa cidade. São importantes, pois acolhem a comunidade. Aqui, além de fazer pão, a comunidade também compartilha seus problemas e soluções”, destacou a prefeita Fátima Daudt durante a reinauguração. Localizado na Rua Padre Pedro Cyrillo Wolf, s/n, esquina com a Rua Leopoldo Wasun, junto às escolas Favo de Mel e Arnaldo Grin, no bairro Santo Afonso, o local é coordenado pelo Comitê Intersetorial do Bolsa Família, que integra a ação das secretarias municipais de Desenvolvimento Social (SDS), de Educação (Smed) e da Saúde (SMS).

As oficinas começaram em 16 de agosto e seguem com quatro turmas semanais até 16 de dezembro. Inscritos no Bolsa Família estão aptos automaticamente a participar, e a Prefeitura tem feito o trabalho de captação de alunos. Quem não está inscrito neste programa e tem interesse em participar deve se dirigir ao Cadastro Único (CadÚnico) na SDS, que fica na Rua David Canabarro, 20, Centro.

O que era bom ficou ainda melhor

Ao receber o certificado, Jaqueline não escondeu o orgulho. Por ela e principalmente pela filha. “Nossa relação sempre foi boa, sempre estamos juntas e, agora, vamos fazer pão juntas também. Se era bom, ficou ainda melhor”, diz Jaqueline que pretende fazer pães para vender e complementar a renda da família.

“Meu coração está cheio, é um dia feliz. Tenho certeza de que este projeto vai ajudar muitas pessoas e vamos seguir trabalhando por isso”, completou a prefeita. Para Fátima, o processo deste tipo de programa é ainda mais eficiente à medida em que é uma oportunidade de ouvir a comunidade, conhecer sua realidade e necessidades. O secretário de Desenvolvimento Social ressaltou a importância de acreditar nos sonhos e nas vocações e levar adiante o que se aprende, sempre em busca de crescimento.

Não é só o pão

Além de Manoela e Jaqueline, receberam os certificados Adelar Miguel da Fonseca Júnior e Daiane Natel. Daiane falou em nome dos usuários do projeto e se emocionou ao demonstrar sua gratidão pelas pessoas que proporcionaram sua formação. “Nem todo mundo gosta de ensinar o que aprende, não transmite conhecimento. Mas aqui é diferente”, disse Daiane. Exemplo dessas pessoas é o professor das oficinas, o jovem Tainan Sansigolo, que ensina a fazer os pães por meio de uma parceria com o Senac. Está no olhar de Tainan a satisfação em ensinar a preparar a massa. “Não é só fazer o pão, quem vem pra cá também tem a oportunidade de falar de si, ouvir os outros, sair da realidade que muitas vezes traz sofrimento ou agonia. São trocas muito especiais”, considera o professor.


A proposta do projeto PÃO

A proposta é a implantação de oficinas de geração de renda, na área de panificação, como uma das alternativas não só para capacitar os usuários para o mundo do trabalho bem como fortalecer o
vínculo com as três esferas do Programa: saúde, assistência social e educação. Assim, com esta ação intersetorial, a proposta poderá minimizar a médio prazo, os impactos causados pela pandemia na vida das pessoas, entendendo as condicionalidades do programa como direitos do cidadão.

As ações do Comitê Intersetorial se iniciaram em 2019 com propostas que contemplavam a oferta de oficinas de culinária para as famílias beneficiadas pelo Programa Bolsa Família no Centro de Educação Nutricional, o Nutrir. Por causa da pandemia do coronavírus, a ação teve de ser cancaleada. Após um ano de pandemia, a situação financeira das famílias se agravou aumentando a vulnerabilidade, se observando um aumento de 40% na busca por programas sociais, mesmo que os valores dos benefícios sejam insuficientes para dar conta de necessidades básicas, como alimentação.

Assim, o Comitê retoma a oferta de oficinas com o cumprimento de todos os protocolos de biossegurança. A escolha pela panificação levou em consideração dois aspectos, uma pesquisa
realizada pelo CadÚnico, em 2019, junto aos beneficiários do município, sendo a temática da alimentação a mais prevalente entre as respostas e também a experiência da equipe do Nutrir, que ao longo de 23 anos, realizou inúmeras oficinas de culinária com usuários das redes de saúde e educação, com base na Política de Alimentação e Nutrição/MS.

Esta política, está organizada em diretrizes que abrangem o escopo da atenção nutricional no SUS com foco na vigilância, na promoção, na prevenção e no cuidado integral de agravos relacionados à alimentação e à nutrição; atividades, essas, que devem ser integradas às demais ações de saúde nas redes de atenção.

Outro aspecto considerado foi o processo de produção dos pães, do tempo de preparo ao cozimento, que permite a realização das outras duas oficinas citadas acima, favorecendo que, no mesmo turno, o participante possa receber várias informações que se complementam na atividade de geração de renda.

Serão público alvo deste projeto os residentes em Novo Hamburgo, com idade de 14 a 59 anos (preferencialmente mulheres entre 14 a 44 anos), beneficiários do Programa Bolsa Família ou inseridos no Cadastro Único habilitados para receber o benefício. Com prioridade para:

● Pessoas com deficiência e suas famílias;
● Adolescentes e jovens no serviço de acolhimento e egressos;
● Adolescentes e jovens do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos;
● Adolescentes e jovens no sistema socioeducativo e egressos;
● Imigrantes;
● Famílias com presença de trabalho infantil;
● Famílias com pessoas em situação de privação de liberdade;
● Indivíduos egressos do sistema penal;
● Famílias com crianças em situação de acolhimento provisório;
● População em Situação de Rua;
● Indivíduos e famílias moradoras em territórios de risco em decorrência do tráfico de drogas;
● Mulheres vítimas de violência;
● Adolescentes vítimas de exploração sexual;
● Grupos Populacionais Tradicionais e Específicos – GPTEs;
● Público de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBTT

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