CAMPO BOM
Everton Gaide – É claro que é a hora de achar os culpados
Na semana passada também escrevi sobre a catástrofe que vivemos no Rio Grande do Sul e era um agradecimento às milhares de pessoas que estão ajudando e um reconhecimento dos esforços dos governos em todas as esferas. Claro que é obrigação destes apoiarem as populações afetadas, principalmente quando vem à tona uma série de informações sobre os alertas técnicos que foram emitidos sobre a necessidade de manutenção junto aos dispositivos que mitigam as enchentes e essas orientações técnicas foram ignoradas por outras agendas, na fala do próprio governador.
Além disso, muitos prefeitos também ignoram pesquisadores sérios ao redor do mundo que sinalizam para um enfraquecimento sistemático da legislação ambiental, mais uma vez, em todos os níveis (municipal, estadual e federal) e agora estes mesmos bradam que “não é hora de procurar culpados”.
Grande falácia, é claro que existem culpados, é claro que essa agenda climática e ambiental vem sendo ignorada em prol de outras agendas, até então mais importantes, mas agora, qual é a agenda mais importante que reerguer um estado do tamanho e representatividade como o Rio Grande do Sul? Qual agenda pode ser mais importante que proporcionar um lar para milhares de famílias de todos os formatos e idades que hoje tem apenas a roupa do corpo? Nem mesmo esperança existe em muitas destas pessoas. Até bem pouco tempo, acreditei que a última “parte” a morrer em um ser humano seria a esperança, infelizmente, com nossa tragédia, descobri que ela também morre.
Pessoas desesperançosas seguem vivas, tentando resgatar o que lhes sobrou, enquanto isso, muitos gestores públicos esperam por orientações técnicas para agir em pequenas ações óbvias. Em tempo, são as orientações técnicas que até então eram engavetadas em detrimento de outras agendas. Vai entender essa lógica pouco inteligente que deixa de gastar um percentual do que arrecada em prevenção para depois ter que vir com pires na mão implorar por ajuda que do governo federal e o pior, se passando por vítima como se estivesse vivendo algo semelhante às famílias “refugiadas climáticas”. Por fim, se não agora, quando pretendem identificar os negligentes?