CAMPO BOM

Everton Gaide – Maravilhas e as angústias da paternidade

Em uma ligação com um amigo, refletimos sobre os caminhos que a vida toma a partir das nossas decisões. Conversa sem muito sentido e até mesmo fora do contexto já que ele ligou para saber como estava a saúde da minha filha que passou uma semana internada tratando de uma infecção renal que, claro, nos tira do centro emocional.

Enquanto pais, tentamos equilibrar os vários compromissos pessoais e profissionais. Cuidar dos filhos menores sem ter maiores impactos em nossas outras atividades, dito isso, a conversa foi um momento de “fuga” para um lugar “filosófico” e nostálgico da vida. Vieram muitos “SE(s)” em nossa conversa do tipo, ” e se tivéssemos escolhido por tal caminho e não por esse… e se… e se...” o fato é que lembramos dos bons tempos da juventude onde não tínhamos tantas preocupações com o futuro e as consequências das nossas ações, algo totalmente diferente das nossas atuais vidas, pois ambos escolhemos formar nossas famílias, escolhemos ter filhos e, por isso, atualmente todas as nossas decisões precisam ser pensadas avaliando as consequências delas nas vidas de terceiros, nossos filhos que não nos escolheram. Diferente de nós que escolhemos ser pais.

Depois desse momento mais abstrato, voltamos ao tema central da ligação que era a internação da minha filha e entendemos que é um privilégio conviver com pessoas que amamos de forma incondicional. Amamos e brigamos diariamente, por coisas que eles fazem e deixam de fazer; o pior disso tudo é observar que muitos dos comportamentos que criticamos neles são exatamente aqueles que não gostamos em nós. Quando percebemos isso, entendemos que se quisermos melhorar algo neles, precisamos melhorar em nós primeiro.

A ligação que recebi serviu para várias coisas, receber o carinho do amigo, fugir um pouco da realidade agitada que vivia naquela semana e, principalmente, para dividirmos as maravilhas e as angústias da paternidade.

 

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