CAMPO BOM
Everton Gaide – Não há exceção, todos colaboraram para o resultado
O comportamento humano em grupo é estudado a muitos anos pela psicologia, para ser mais específico, Freud, pai da psicanálise, falava sobre como o ser humano é capaz de transformar o seu padrão de comportamento quando está em um grupo ou para pertencer àquele grupo. No livro Psicologia das Massas, Freud escreveu que “os membros de um grupo agem de maneira dependente uns dos outros. A limitação da capacidade intelectual, a falta de prudência na expressão das emoções, dentre outras características, demonstra um retorno da atividade mental a um estágio anterior, que pode ser encontrado em crianças e selvagens”. Ao retornar a estes estágios psicológicos os membros desses grupos se tornam mais perigosos e a violência é quase uma certeza, basta haver um contraditório.
Esse fenômeno é facilmente visível em brigas de torcidas nos estádios. Mas nem sempre a violência de um grupo é física, pelo contrário, na maioria das vezes as violências são psicológicas e morais que se dão, no mundo moderno, nas redes sociais, destruindo reputações de pessoas ou outros grupos. Existe muita xenofobia, a exemplo a seleção Argentina, que está no seu melhor momento histórico, com duas finais nas últimas 3 copas, atual campeã da copa do mundo e bicampeã da Copa América. Uma supremacia técnica irreparável, porém, mesmo nesse momento ímpar encontrou espaço para destilar seu ódio xenofóbico ao entoar em seu ônibus cantos preconceituosos contra os jogadores da França. Se isso acontece em um momento de felicidade, imagine o que fariam em um momento de ódio?
Para qualquer pessoa que dedique algum tempo para estudar um pouco da relação da Argentina com ideologias xenofóbicas entenderá que, infelizmente, não foi algo pontual e sim uma recorrente forma de pensar de décadas, se não séculos. Para fechar essa reflexão, digo, não há exceção entre os jogadores. Se cantaram e não há nenhum registro de revolta ou aversão ao canto, portanto todos colaboraram para o resultado. Espero que a FIFA e Conmebol puna veementemente. Afinal, todos ali sabem que esse tipo de atitude não é mais aceitável em pleno 2024.