CAMPO BOM
Everton Gaide – Um novo dia, uma nova oportunidade
Nos diálogos do dia a dia, principalmente em momentos de interações rápidas no trabalho, o tema clima é uma pauta comum. É normal cumprimentar alguém em um elevador, corredor ou espaço comum e falar das chuvas, calor, friozinho marcado para o final de semana. Aliás, quando falta assunto, sempre vem um “será que vai chover”. Não há nada de deselegante nisso, pelo contrário é uma forma bem aceita de se conectar com alguém e dali para frente, se existir repertório a conversa pode se prolongar. Quando se prolonga, se fala sobre trabalho, onde mora e dos lugares em comum. Com a conexão estabelecida, se fala sobre família, amigos, time preferido e outros gostos. Se já se sentirem íntimos, o tema idade surge e com ela inúmeras brincadeiras, lembranças de experiências exclusivas da geração.
Se for originário dos anos 80 e 90, se prepare para ouvir um “cresci brincando nas ruas com meus amigos” ou “nem sonhava em ter um celular, nossas redes sociais eram reais” ou ainda um “no meu tempo não tinha esse monte de oportunidades”. Pode parecer estranho, mas a geração que pertencemos fala muito sobre como reagimos a determinadas atitudes, como vemos e percebemos os problemas e, sobretudo, como os enfrentamos. Não há nada de errado em nenhuma das formas de lidar com as circunstâncias da vida, o cuidado sempre precisa estar em como preservamos a nossa saúde física e emocional e como cuidamos das nossas relações.
Digo isso por estudar muito sobre o comportamento das diferentes gerações que se encontram no mercado de trabalho. Escrevo sobre esse tema porque no dia a dia eu falo com jovens de 16 a 70 anos todos os dias. Problemas iguais, climas iguais, formas de enfrentá-los diferentes. Envelhecer é um privilégio e precisa ser encarado de forma natural. Leio coisas que me soam estranho de pessoas que se arriscam em busca de uma aparência mais jovem. É claro que queremos parecer bonitos, saudáveis e jovens, porém é uma busca inatingível pois a cada dia que ganhamos de presente ao acordar é uma nova chance de entendermos o sentido de estarmos aqui. Um novo dia é um fato para agradecer e saborear aquele momento, aquele clima e aquela idade. Como já escrevi em oportunidades anteriores, “o envelhecimento foi a forma sutil de Deus nos dizer que não temos tempo a perder com coisas insignificantes.”